terça-feira, 27 de março de 2012

Sorte na vida

Nelson Rodrigues dizia: “A gente tem que ter sorte até na hora de chupar um chicabom”. Como sempre o dramaturgo estava correto. Afinal podemos nos engasgar com o palito e morrer.

Em 2008, atuava numa frente de trabalho na cidade de Rio das Ostras, região dos Lagos no Rio de Janeiro. O pagamento sempre rolava na segunda quinzena, mas grana não era a minha maior preocupação, pois morava em uma pousada paga pela empresa. E todos os meus outros gastos ficavam na conta do local e pagava quando eu queria. Ideal para um cara completamente desorganizado financeiramente como eu.

Dois meses depois a minha namorada foi me visitar. Como ela era clientes do Banrisul, antes de sair de Porto Alegre depositou um dinheiro na minha conta no Banco do Brasil pra gente viajar pela região. O roteiro estava definido: primeira final de semana Búzio e Cabo Frio. Segundo final de semana Saquarema e Arraial do Cabo.

A gente fez muita festa na chegada dela e acabamos gastando mais do que o esperado. Na quarta, ela disse, vou pedir pra minha mãe sacar na minha conta e depositar mais dinheiro na tua pra gente viajar tranquilo. Eu respondi que não precisava, pois deveria receber na sexta e teríamos dinheiro mais do que o suficiente para viajáramos (minha conta tava pra lá de estourada).

Sábado de manhã saímos da pousada a beira-mar e fomos para o Centro da cidade. Antes de pegarmos a van para Búzios passamos no banco para sacar. Nada feito. Eu não tinha recebido. Ela ficou puta da cara e começou a me mijar. Irresponsável, foi o mais brando dos “adjetivos”.

Foi foda. Pensei: estraguei tudo como sempre. Porém, em dois meses na cidade, eu tinha feito amizade com muita gente. Principalmente duas meninas: Renata e Roberta. Ambas trabalhavam em Rio das Ostras, mas moravam em cidades vizinhas. Elas iam todos os finais de semana para casa. Só qeu eu resolvi arriscar e liguei. Primeiro pra Roberta. Quando contei o problema, ela começou a rir.

“Gaúcho você tem muita sorte. Eu não viajei. To aqui no Centro agora, há duas quadras do banco, e tenho na carteira exatamente o valor que tu precisa (cerca de 200 reais)”.

Ela em emprestou e eu e minha namorada viajamos na boa pra Búzios. Na hora certa e com a grana certa, meio que contada, mas suficiente, pois outras coisas pagaríamos no cartão.

Mas a sorte resolvi me sorrir outra vez. Em meio as dezenas de praias de Búzios, optamos por ir na Azedinha, mais calma e bonita que a Azeda. Eu conheço uma pessoa em na cidade: o Beto, meu colega de trabalho em Rio das Ostras.

E o cara tava lá. Passamos uma tarde du caralho com ele e as filhas pequenas e ainda filei um almoço (às cinco da tarde) perfeito na casa do cara.

É meu camarada, nesta a vida a sorte é mais Fo que importante, ela é fundamental.

sexta-feira, 16 de março de 2012

O maldito detalhe

História baseada em fatos reais

Rafaela era a típica princesinha do papai. Bem comportada, boas notas na escola, um exemplo de filha. Aos 18 anos entrou na faculdade de psicologia na UFRGS. Começou a estudar Freud com entusiasmo.

As teorias sobre sexo do austríaco enlouqueceram a menina, mas só na teoria, pois na prática continuava sendo a mesma princesinha imaculada do papai.

Tempos depois, Rafaela casou com um homem de negócios. Foi a esposa perfeita durante quinze anos. Até que um dia conheceu, durante um evento do Rotary ou coisas do tipo, um fotógrafo.

Rodrigo era alto, charmoso, olhos claros e corpo atlético. Bom de papo partiu pra cima de Rafaela sem dó, nem piedade. A psicóloga conseguiu escapar dos ataques incessantes do predador, mas uma frase ficou na sua cabeça: “Qual a tua vontade sexual mais secreta?”, questionou Rodrigo em um dos tantos emails trocados depois do primeiro encontro.

Rafaela não respondeu. Aliás, ela escondia esse desejo até mesmo da sua terapeuta. Só um amigo muito íntimo conhecia: o sonho de Rafaela era ser o sanduiche entre dois rapazes.

Os anos passaram e o relacionamento de Rafaela, que nunca foi um case de sucesso do programa da Sue Jonhson, ficou mais congelado que africano morando no Poló Norte.

Aí, um certo dia, ela tomou uma decisão. Reativou o contato com o Rodrigo e contou-lhe o seu desejo íntimo.

Rodrigo, sacana, como todo o fotógrafo e jornalista, topou a empreitada na hora: marcou hora e local.

Pegou Rafaela no consultório onde trabalhava a nossa heroína, e a levou para o matadouro, quer dizer Motel. Lá esperavam os dois, Henrique – uma espécie rara do digno amante latino, pelo menos na aparência. Olhos escuros, pele bem morena, cabelos lisos e músculos salientes a lhe adornarem braços, tórax e pernas.

A noite tinha tudo para ser perfeita não fosse um, como diríamos, MÍNIMO detalhe: o pau dos dois era muito, mas muito pequeno. A noite perfeita de Rafaela, com a qual ela sonhara durante anos e anos, virou um pesadelo. Ela não sentiu prazer nenhum....

Rafela continua com o marido e as suas maiores peripécias sexauis hoje são jogar bingo com a sogra e vareta com o sogro!

segunda-feira, 5 de março de 2012

A vida como ela é

Mais uma história verdadeira da Ângela “Nelson Rodrigues” Câmara.

Três amigos inseparáveis – vamos chamá-los de Roberto, Guilherme e Sandro – desde a adolescência e com vários planos juntos. Chamavam a si mesmo de "Os Três Mosqueteiros".

Entre um relacionamento e outro, montaram vida e casaram respectivamente com Julia, Glória e Valéria. Julia e Valéria, eram inclusive colegas de trabalho.

Os casais iam para a praia juntos. Viajavam juntos e sonhavam em morar todos num condomínio fechado, onde seriam vizinhos e veriam seus filhos crescerem como irmãos.

Entretanto, Julia notou que Valéria estava estranha no trabalho. Não deu outra, a amiga estava tendo um caso. O homem além de ser casado era o chefe das duas.

Julia contou para o marido, Roberto. O mesmo, com o coração dilacerado, tomou uma das decisões mais delicadas da sua vida: resolveu ocultar do amigo o caso da mulher. Pensava ele ser apenas algo fortuito e não tinha coragem de ser o pivô, ou pelo menos o interlocutor, do final do relacionamento. Até porque Sandro endeusava Valéria.

Mas o tempo passou e o caso não esfriou pelo contrário esquentou e muito. O chefe de Julia e Valéria separou-se da mulher e assumiu a amante.

Valéria contou a notícia friamente a Sandro e nunca mais quis vê-lo. O rapaz encarou o diabo de frente. Foi ao inferno, mas não voltou. Só chorava na presença dos amigos e da esposa. Virou um farrapo humano.

Triste com tudo aquilo, Guilherme, o outro mosqueteiro do trio, convidou Sandro para uma cerveja. Conversou durante uma hora com o amigo e ressaltou que já havia notado Valéria dando bola pra outros homens. Sandro não acreditou. Apesar da traição, ele ainda considerava a ex-mulher integra e apenas vítima de um grande caso de amor.

Guilherme cansado daquela situação: abriu o jogo. “Cara, eu transei com a tua mulher enquanto tu trabalhavas. Na tua casa! Na tua cama!”

Se fosse uma crônica de Nelson Rodrigues, Sandro abraçaria Guilherme e diria: “então só tu sabe a dor que eu estou sentindo”

Mas, infelizmente, nem sempre a vida é como ela é e Sandro aplicou um direto na cara de Guilherme. Ali acabou a grande amizade e os sonhos de morar todos juntinhos, no sentido figurado, na mesma vizinhança...