sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Assistencialismo

Hoje a Ângela me acordou com uma mensagem falando sobre mais um tiroteio no bairro Bom Jesus. Não sei se entendi direito, mas um dos caras (eram dois sujeitos fugindo da polícia) se refugiou dentro ou nos arredores da escola Nossa Senhora de Fátima. Os estudantes foram obrigados a ficar dentro de sala de aula.

Isso já é quase rotina para essas crianças e adolescentes que nasceram e moram no bairro mais violento da capital. Nesses três anos de Cidade Escola, dá pra notar facinho, facinho, a diferença de público nas escolas municipais. A maioria delas fica localizada em bairros operários. Os estudantes almejam serem médicos, advogados, professores, mas em outras o bicho pega: o máximo dos máximos é ser cobrador de ônibus, porém é engraçado que muitos desejam ser policiais.

Já ouvi histórias do tipo: meu pai tá preso, meu pai tomou um tiro na cara quando eu tinha seis anos, moro com a minha avó por que meu pai abusava de mim, moro com mais dez irmãos e ajudo minha mãe a catar lixo.

Projetos de contra turno escolar talvez sejam o método mais eficientes de combate a violência e a exclusão social, mas eles são de longo prazo. Por este motivo sou a favor de intervenções pontuais dos governos como bolsas disto e daquilo. Inclusive a que garante renda para família de apenados. Já que o nosso sistema carcerário é uma merda, quem sabe essa ação não resultará em um modelo eficiente de reinserção social.

Governos são uma merda em geral, mas pressionados pela sociedade, eles até fazem alguma coisa tanto em nível municipal, estadual ou federal. Ao lado das bolsas, caminham projetos de responsabilidade social visando o primeiro emprego, exatamente para no futuro essas famílias não dependerem de projetos meramente assistencialistas.

O assistencialismo é uma merda, mas hoje ele é um mal necessário. Estamos pagando o preço por anos de desigualdade social estratosférica e o caralho a quatro. Não adianta o PT ou qualquer partido da base governista vir na TV e dizer que bolsa não é assistencialista. É sim. Tem que assumir, dizer o porque e pagar o preço político disso.

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