Seu Chico era o tipo de cara que todos gostavam. As pessoas o cumprimentavam sorrido, exemplo clássico de afeto e confiança. Trabalhava como carroceiro em Alegrete e sempre era visto pelas ruas secundárias da cidade carregando um dos seus inúmeros filhos a tira colo.
Acontece que o seu Chico tinha uma mulher bem mais nova. E como a maioria das mulheres bem mais novas ela resolveu socializar o que era só do Seu Chico e saiu distribuindo afeto por toda a vila onde moravam.
Mas antes que o carroceiro descobrisse, ela resolveu acabar com a relação. Virou o banquete da galera. Seu Chico, coitado, andava desolado. Todo mundo tava passando o pincel na sua mulher.
Um dia o Seu Chico resolveu tomar todas no boteco da esquina da sua antiga casa – a mulher havia lhe mandado embora sem ternura e sem afeto – e foi lá conferir o quer a madame andava aprontando. Porém, na casa apenas os filhos menores. Quem tomava conta da turma era Tatiana, de 7 anos. A mulher e as duas filhas mais velhas foram para o bailão.
Furioso, o homem resolveu não esperar. Dois dias depois visitou a mulher. Para não pagar o mico de ex-marido enciumado, resolveu distorcer a verdadeira razão da fúria. “Puta que pariu como tu pode deixar as crianças sozinhas de noite sua vaca?”, indagou com elegância.
Chico ameaçou a ex-companheira: “se isso acontecer de novo tu vai te arrepender”, disparou.
Duas semanas depois, mais precisamente em um sábado, com um litro de cachaça na cabeça o carroceiro resolveu dar uma incerta no antigo barraco. E encontrou a mesma cena. Tatiana sozinha cuidando dos menores. Não teve dúvida. Tirou uma navalha do bolso e degolou a menina.
Depois do crime caminhou pra casa onde foi encontrado pela polícia horas depois. Ao lado da cama onde dormia apenas um porta retrato com uma foto de Chico segurando a menina Tatiana no colo. Os dois sorrindo.
OBS: Essa história é baseada em fatos reais e aconteceu no meu Alegrete.
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012
Pegadora é apelido
Uma conhecida minha me deu as seguintes informações num dia destes. Entre namoro e casamento está há dezesseis anos com um cara. Nunca traiu. Entre a primeira vez e o marido teve apenas três anos de solteirice com vida sexual ativa. Sabe com quantos homens ela transou (tudo devidamente catalogado, segundo a nossa protagonista)?
Cento e seis, meu velho. Em três míseros aninhos. Essa sim é pegadora. Nunca mais me falem de Renato Gaúcho, Gene Simmons do Kiss, Warren Beatty, Maurício Macedo ou Niti.
Cento e seis, meu velho. Em três míseros aninhos. Essa sim é pegadora. Nunca mais me falem de Renato Gaúcho, Gene Simmons do Kiss, Warren Beatty, Maurício Macedo ou Niti.
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012
Três beijinhos...
Essa quem me contou foi um amigo bem chegado. Vou chamar o cara de Lucas e a namorada dele de Francesca.
O Lucas namorava a Francesca há bastante tempo. Completamente apaixonado. Porém, um dia resolver dar uma puladinha de cerca básica. Conheceu uma menina e as coisas foram acontecendo naturalmente.
Em uma bela tarde, resolveu fazer um convite para a concubina: “vamos tomar uma cerveja na zona Sul, no bar tal?”.
A menina prontamente concordou e lá foram os pombinhos tomar cerveja na zona Sul em plena segunda-feira.
Depois de uns amassos no carro, o meu amigo resolveu mesmo ir comprar a tal cerveja. Como um cavalheiro pediu licença a moçoila e entrou num bar da região. Caminhava cheio de ginga por entre as mesas vazias do bar, afinal era um verdadeiro garanhão: tinha namorada e ainda tava metendo uma gostosinha por fora.
Pediu a ceva. Encheu dois copos plásticos e enquanto se preparava para voltar ao carro, notou dois pares de olhos fixos na sua presença. Na única mesa ocupada do bar estavam a sua cunhada (a irmã da dita cuja mesmo, pois nosso herói é filho único) e o namorado dela.
Nervoso e debutante na arte do adultério, nosso herói ficou tenso e não conseguiu articular nenhuma desculpa plausível. Para piorar, antes de iniciar qualquer tipo de conversa com o casal, ele deu três beijinhos nela...e nele.
Sim, a sua pequena traição foi perdoada, mas imaginem como foi durante anos conviver nas festas de família com o concunhado depois de ter dado três meigos beijinhos no rapaz...
O Lucas namorava a Francesca há bastante tempo. Completamente apaixonado. Porém, um dia resolver dar uma puladinha de cerca básica. Conheceu uma menina e as coisas foram acontecendo naturalmente.
Em uma bela tarde, resolveu fazer um convite para a concubina: “vamos tomar uma cerveja na zona Sul, no bar tal?”.
A menina prontamente concordou e lá foram os pombinhos tomar cerveja na zona Sul em plena segunda-feira.
Depois de uns amassos no carro, o meu amigo resolveu mesmo ir comprar a tal cerveja. Como um cavalheiro pediu licença a moçoila e entrou num bar da região. Caminhava cheio de ginga por entre as mesas vazias do bar, afinal era um verdadeiro garanhão: tinha namorada e ainda tava metendo uma gostosinha por fora.
Pediu a ceva. Encheu dois copos plásticos e enquanto se preparava para voltar ao carro, notou dois pares de olhos fixos na sua presença. Na única mesa ocupada do bar estavam a sua cunhada (a irmã da dita cuja mesmo, pois nosso herói é filho único) e o namorado dela.
Nervoso e debutante na arte do adultério, nosso herói ficou tenso e não conseguiu articular nenhuma desculpa plausível. Para piorar, antes de iniciar qualquer tipo de conversa com o casal, ele deu três beijinhos nela...e nele.
Sim, a sua pequena traição foi perdoada, mas imaginem como foi durante anos conviver nas festas de família com o concunhado depois de ter dado três meigos beijinhos no rapaz...
Vai uma merdinha aí
A minha namorada, a Ângela, é o Nelson Rodrigues de saia. Ela sai com cada história que faria o maior dramaturgo brasileiro ficar corado de vergonha ou de entusiasmo. Olha essa: nos tempos do Anchieta ela tinha uma colega de aula cujo o pai era dono de algumas boates em Porto Alegre.
A amizade continuou mesmo após o fim do colégio. Uma noite a amiga convidou a Ângela para ir no aniversário do pai em uma boate bem famosa da capital. A festa tava ótima, mas lá pelas tantas a minha namorada notou que o pai da amiga não descolava de um cara fortão, mas não quis comentar.
Cerveja goela abaixo a amiga confidenciou: meu pai é gay. Segundo ainda ela, a mãe teria ficado tão chocada com a revelação que surtou ao ponto de comer cocô - isso mesmo com o acento circunflexo.
Os anos passaram e a amizade também. Mais de quinze anos depois a Ângela encontrou a mãe da sua amiga em Tramandaí. A senhora estava muito bem, nem parecia que havia degustadao dezenas de cagalhões ao longo da vida. Feliz da vida, a mina namorada resolver perguntar pela antiga amiga de quem tinha poucas notícias, sabia que havia se casado e comprado uma cobertura na Bela Vista.
A resposta não poderia ser mais trágica. “A fulana está na Pinel”, disse a mãe.´
Como assim, questionou a Ângela?
“É que anos depois do casamento, ela encontrou o marido com outro homem na cama”, explicou a senhora.
Bem pelo menos a filha nunca comeu cocô até onde eu saiba...
A amizade continuou mesmo após o fim do colégio. Uma noite a amiga convidou a Ângela para ir no aniversário do pai em uma boate bem famosa da capital. A festa tava ótima, mas lá pelas tantas a minha namorada notou que o pai da amiga não descolava de um cara fortão, mas não quis comentar.
Cerveja goela abaixo a amiga confidenciou: meu pai é gay. Segundo ainda ela, a mãe teria ficado tão chocada com a revelação que surtou ao ponto de comer cocô - isso mesmo com o acento circunflexo.
Os anos passaram e a amizade também. Mais de quinze anos depois a Ângela encontrou a mãe da sua amiga em Tramandaí. A senhora estava muito bem, nem parecia que havia degustadao dezenas de cagalhões ao longo da vida. Feliz da vida, a mina namorada resolver perguntar pela antiga amiga de quem tinha poucas notícias, sabia que havia se casado e comprado uma cobertura na Bela Vista.
A resposta não poderia ser mais trágica. “A fulana está na Pinel”, disse a mãe.´
Como assim, questionou a Ângela?
“É que anos depois do casamento, ela encontrou o marido com outro homem na cama”, explicou a senhora.
Bem pelo menos a filha nunca comeu cocô até onde eu saiba...
terça-feira, 18 de outubro de 2011
Se gritar pega ladrão, não fica um mermão...
Tenho me dedicado com atenção as notícias sobre as fraudes no Programa Segundo Tempo do Governo Federal. O poder mexe com as pessoas. Chove escândalos em todas as esferas envolvendo os três poderes e empresários corruptores e corruptos. Agora, a bola da vez são as ONGs. A revista Veja, aliás, avacalhou com o terceiro setor nas reportagens dos esquemas do ministro Orlando Silva.
Eu trabalho no terceiro setor e tem muita picaretagem mesmo neste setor. Não é o caso de onde atuo. Meu chefe é um cara chato. Examina cada real gasto no projeto. Muito legal, prova a seriedade da nossa proposta. Embasada nos resultados. Começamos com atividades em sete escolas e hoje já são 19.
Mas voltando ao primeiro parágrafo. A população comum resta o sentimento de impotência a cada falcatruagem divulgada. E as cifras sempre são assombrosas. Neguinho nunca rouba milzinho, sé de milhão pra cima. A galerinha lá do Amapá meteu bilhãozinho no bolso. Todo mundo foi em cana em 2010. Todo mundo tá soltinho em 2011.
Eu sinceramente acho que ainda seria pior, bem pior, se a galera não tivesse medo de ter o nome divulgado na coluna policial dos jornais.
E quando tu vê os esquemas quase cai da cadeira. Uns são bem bolados, mas outros são tosco. Nego mete a mão na cara dura e lança endereço que não existe. Parece ser bem fácil “enganar” o Estado e meter a mão no dinheiro público. Também quem tem o papel de fiscalizar tá sempre envolvido, vide a galera do Tribunal de Contas do RS.
A vida é foda pra nós, veio. Pra essa galera é uma barbada.
Eu trabalho no terceiro setor e tem muita picaretagem mesmo neste setor. Não é o caso de onde atuo. Meu chefe é um cara chato. Examina cada real gasto no projeto. Muito legal, prova a seriedade da nossa proposta. Embasada nos resultados. Começamos com atividades em sete escolas e hoje já são 19.
Mas voltando ao primeiro parágrafo. A população comum resta o sentimento de impotência a cada falcatruagem divulgada. E as cifras sempre são assombrosas. Neguinho nunca rouba milzinho, sé de milhão pra cima. A galerinha lá do Amapá meteu bilhãozinho no bolso. Todo mundo foi em cana em 2010. Todo mundo tá soltinho em 2011.
Eu sinceramente acho que ainda seria pior, bem pior, se a galera não tivesse medo de ter o nome divulgado na coluna policial dos jornais.
E quando tu vê os esquemas quase cai da cadeira. Uns são bem bolados, mas outros são tosco. Nego mete a mão na cara dura e lança endereço que não existe. Parece ser bem fácil “enganar” o Estado e meter a mão no dinheiro público. Também quem tem o papel de fiscalizar tá sempre envolvido, vide a galera do Tribunal de Contas do RS.
A vida é foda pra nós, veio. Pra essa galera é uma barbada.
quinta-feira, 13 de outubro de 2011
Bandeira Branca Amor

Essa história aconteceu com três amigos meus. Eu não estava presente ao encontro, mas segundos testemunhas o trago foi forte na casa da Kully em Tramandaí. Entrou noite adentro. O sol saindo e a cerveja entrando. Ninguém mais conseguia falar, mas ainda havia sede a ser saciada e o Niti, o Diego e o Dani resolveram continuar bebendo enquanto os outros iam dormir.
Para não incomodar a galera, saíram em peregrinação pelos bares da cidade. Por volta das 11h30min chegaram a um restaurante e pediram cerveja. O estado dos três era lamentável e o dono se negou a servi-los. Ok. Ok, nada. Levantaram calmamente, caminha até a janela do restaurante e mostraram a bunda.
Feito o ato de rebeldia digno de uma criança de 10 anos, atravessaram a rua e sentaram no bar da frente. E continuaram a beber. Sei lá quanto tempo depois chegou a polícia e deu voz de prisão para os camaradas. Motivo: atentado ao pudor.
O resto foi o de sempre, muita explicação e explicação. Eles juram de pé junto que não passaram a tarde no xadrez. Porém, um traficante de Tramandaí do qual sou cliente fiel, me garantiu que dois homens dele curraram três playboys uma tarde inteirinha na cadeia da cidade ao som de Bandeira Branca Amor, no melhor estilo da peça Toda a Nudez Será Castigada, de Nelson Rodrigues.
segunda-feira, 10 de outubro de 2011
A era da inocência
Morei seis anos em Rio Grande. Seis anos no Marcílio Dias, um conjunto de vinte blocos de dezesseis apartamentos cada em frente ao campo do São Paulo. Hoje o lugar mais parece um livro do Aluísio Azevedo, mas passei momentos felizes lá. Morava no bloco 3B. No 3A residia uma guria cujo o apelido era Birila. Ela é a personagem que abre as minhas três histórias de hoje.
Fiz a sétima e oitava no Juvenal Muller. Tinham dois caminhos para ir da escola até a minha casa. Ou pegava ônibus na praça ou na rua do Lemos Júnior (não lembro o nome). Na primeira opção, passavam mais ônibus, mas a chance de ir sentado era quase nula. Na segunda, pegava o FURG. O coletivo vinha do campus da cidade, onde havia menos cursos, então a opção garantia vários bancos sobrando pelo menos até passar no Centro.
A minha companheira de FURG era a Renata. Ela morava lá na casa do caralho e era obrigada a pegar esse ônibus que ia até o campus da univesidade que ficava uns dois quilômetros pra lá da casa do caralho. Às vezes pechava com a Birila no coletivo. Ela sempre estava em pé, mesmo com vários lugares vagos. Na inocência dos meus dozes anos, nem sonhava com o motivo.
Quem me explicou foi o Mauro, uns dois anos mais velhos que eu. Ele estudava no Bibiano de Freitas, e de vez em quando pechava com a Birila no ônibus também. Como a parada do Colégio dele era bem depois, o Mauro sempre ficava em pé e me revelou o seguinte: “cara a Birila gosta de ficar no corredor pros caras encoxarem ela. Eu mesmo já fui ali várias vezes.”
Putz a guria tinha uns quinze anos e já tinha toda essa maldade. Era profissional mesmo. Mas nada perto da personagem da minha segunda história: a prima do Ziquinho; Não teho a mínima idéia do nome do Ziquinho. Ele morava no 4A e tinha uma prima que não morava nos blocos (acho até que nem morava em Rio Grande), mas gozava de muito prestígio entre a gurizada.
Conforme a lenda local, todos os guris acima de 15 anos, e uns abaixo também, já tinham papado a prima do Ziquinho. O Alessandro, vulgo Negãozinho (o Alam da Franzem sabe de quem eu estou falando), contava uma história no mínimo escabrosa. Um dia a galera marcou de comer a prima do Ziquinho por volta das dez horas atrás do muro dos blocos, na “prainha da Lagoa”, na verdade um monte de areia suja coberta por uma vegetação digna de filme de terror. Árvores podres cheia de galhos retorcidos.
O Alessandro acordou uma dez e meia e já correu para o fundo do edifício. Lá, segundo ele, já havia um fila de meninos de várias idades “esperando a vez”. O negãozinho era um sujeito precoce. Apesar dos 11 anos, já tinha a malandragem digna de orgulhar o Bezerra da Silva.
Furou a fila, pulou o muro e esperou o Cabelo fazer o serviço, pra começar o dele. Sinceramente, não sei se o que eles faziam é o que eu chamo de transa, mas algo acontecia e eu não ficava nem um pouco triste por não saber. Nunca fui convocado para traçar a prima do Ziquinho. Pois sempre quando a moça aparecia para distribuir mimos para a gurizada eu não estava em Rio Grande.
Pura sorte, eu nem havia beijado na época, quanto mais transado. Acho que nenhum psicólogo teria indicado uma criança iniciar sua vida sexual com um gang bang.
A terceira personagem não tem nada a ver com as duas primeiras. O nome dela Karen. Eu devia ter uns onze anos e uma timidez estilo Luis Fernando Veríssimo. Um dia abri minha grande boca e comentei com os guris enquanto jogava uma partida de botão em um estrelão no andar onde morava o Alam: “a Karen é bonitinha.” Não lembro se alguém concordou. Só lembro de minutos depois, acontecer o maior desastre para um menino dessa idade. A Karen tava “a fim de mim”.
Fudeu. Até ali eu escapava do famigerado primeiro beijo com a frase acho a fulana ou a beltrana feia. Ninguém questionava, mas agora eu tinha elogiado a menina minutos antes. Rolou pressão, mas eu escapei sei lá como. Ela era da minha idade, mas se dava bem com a minha irmã e foi convidada para o aniversário da Flávia.
Eu dancei várias músicas com ela, já tinha uns doze ou treze, e fiquei morrendo de vontade de beijá-la, mas, como tudo na minha vida, pipoquei. Fui embora de Rio Grande nos meses seguintes e nunca mais tive notícias dela. Fui dar o meu primeiro beijo, com 14 anos, numa guria bonitinha e otária pra caralho (ela namorava um amigo meu, fui canalha desde cedo).
Resumundo, minha vida em Rio Grande foi um tédio absoluto. Não encoxei a Birila, não comi a prima do Ziquinho e não beijei a Karen...
Fiz a sétima e oitava no Juvenal Muller. Tinham dois caminhos para ir da escola até a minha casa. Ou pegava ônibus na praça ou na rua do Lemos Júnior (não lembro o nome). Na primeira opção, passavam mais ônibus, mas a chance de ir sentado era quase nula. Na segunda, pegava o FURG. O coletivo vinha do campus da cidade, onde havia menos cursos, então a opção garantia vários bancos sobrando pelo menos até passar no Centro.
A minha companheira de FURG era a Renata. Ela morava lá na casa do caralho e era obrigada a pegar esse ônibus que ia até o campus da univesidade que ficava uns dois quilômetros pra lá da casa do caralho. Às vezes pechava com a Birila no coletivo. Ela sempre estava em pé, mesmo com vários lugares vagos. Na inocência dos meus dozes anos, nem sonhava com o motivo.
Quem me explicou foi o Mauro, uns dois anos mais velhos que eu. Ele estudava no Bibiano de Freitas, e de vez em quando pechava com a Birila no ônibus também. Como a parada do Colégio dele era bem depois, o Mauro sempre ficava em pé e me revelou o seguinte: “cara a Birila gosta de ficar no corredor pros caras encoxarem ela. Eu mesmo já fui ali várias vezes.”
Putz a guria tinha uns quinze anos e já tinha toda essa maldade. Era profissional mesmo. Mas nada perto da personagem da minha segunda história: a prima do Ziquinho; Não teho a mínima idéia do nome do Ziquinho. Ele morava no 4A e tinha uma prima que não morava nos blocos (acho até que nem morava em Rio Grande), mas gozava de muito prestígio entre a gurizada.
Conforme a lenda local, todos os guris acima de 15 anos, e uns abaixo também, já tinham papado a prima do Ziquinho. O Alessandro, vulgo Negãozinho (o Alam da Franzem sabe de quem eu estou falando), contava uma história no mínimo escabrosa. Um dia a galera marcou de comer a prima do Ziquinho por volta das dez horas atrás do muro dos blocos, na “prainha da Lagoa”, na verdade um monte de areia suja coberta por uma vegetação digna de filme de terror. Árvores podres cheia de galhos retorcidos.
O Alessandro acordou uma dez e meia e já correu para o fundo do edifício. Lá, segundo ele, já havia um fila de meninos de várias idades “esperando a vez”. O negãozinho era um sujeito precoce. Apesar dos 11 anos, já tinha a malandragem digna de orgulhar o Bezerra da Silva.
Furou a fila, pulou o muro e esperou o Cabelo fazer o serviço, pra começar o dele. Sinceramente, não sei se o que eles faziam é o que eu chamo de transa, mas algo acontecia e eu não ficava nem um pouco triste por não saber. Nunca fui convocado para traçar a prima do Ziquinho. Pois sempre quando a moça aparecia para distribuir mimos para a gurizada eu não estava em Rio Grande.
Pura sorte, eu nem havia beijado na época, quanto mais transado. Acho que nenhum psicólogo teria indicado uma criança iniciar sua vida sexual com um gang bang.
A terceira personagem não tem nada a ver com as duas primeiras. O nome dela Karen. Eu devia ter uns onze anos e uma timidez estilo Luis Fernando Veríssimo. Um dia abri minha grande boca e comentei com os guris enquanto jogava uma partida de botão em um estrelão no andar onde morava o Alam: “a Karen é bonitinha.” Não lembro se alguém concordou. Só lembro de minutos depois, acontecer o maior desastre para um menino dessa idade. A Karen tava “a fim de mim”.
Fudeu. Até ali eu escapava do famigerado primeiro beijo com a frase acho a fulana ou a beltrana feia. Ninguém questionava, mas agora eu tinha elogiado a menina minutos antes. Rolou pressão, mas eu escapei sei lá como. Ela era da minha idade, mas se dava bem com a minha irmã e foi convidada para o aniversário da Flávia.
Eu dancei várias músicas com ela, já tinha uns doze ou treze, e fiquei morrendo de vontade de beijá-la, mas, como tudo na minha vida, pipoquei. Fui embora de Rio Grande nos meses seguintes e nunca mais tive notícias dela. Fui dar o meu primeiro beijo, com 14 anos, numa guria bonitinha e otária pra caralho (ela namorava um amigo meu, fui canalha desde cedo).
Resumundo, minha vida em Rio Grande foi um tédio absoluto. Não encoxei a Birila, não comi a prima do Ziquinho e não beijei a Karen...
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